Além da sentença do tempo

Sempre guardei recortes de revistas quando achava a matéria interessante ou importante. Hoje, revendo meus guardados, resolvi digitar uma matéria da qual sempre me lembro e guardo com carinho. Essa é a primeira postagem desse blog e a faço como uma postagem de teste, uma vez que tudo ainda está em experimento e, por isso, não postarei um pensamento meu, e sim algo pronto, e que contribui em muito com o que penso e irei discutir nesse blog.
Trata-se da entrevista de Alexandre Mansur na revista Ano Zero. Número e data da revista eu não tenho pois guardei apenas a matéria, mas foi por volta dos anos 90 e 91 no máximo.
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Em cada cabeça um buraco-de-verme!
            A física moderna chama de buracos-de-verme as microligações entre pontos do espaço-tempo, distantes ou paralelos. Por enquanto concebidas matematicamente, essas interligações dimensionais já podem ser exploradas com auxilio de hipnose – segundo o Psiquiatra Fernando Rabelo, pioneiro no Brasil da pesquisa envolvendo mecânica quântica e psiquismo.
            Dr. Rabelo, assessor da diretoria do Hospital Miguel Couto, no Rio de janeiro, o Psiquiatra foi um dos responsáveis pela implantação do Serviço de Saúde Mental no ambulatório. O médico é um dos ardorosos “conspiradores” a favor da adoção de técnicas não convencionais na rede pública.
            Fernando utiliza a hipnose e rememoração no tratamento de pacientes no hospital e em seu consultório particular. Se o tratamento exigir, indica também homeopatia, acupuntura e outras terapias alternativas.
1.    AZ – Ano Zero
2.    FR – Fernando Rabelo
O cérebro humano possuiria estruturas semelhantes aos buracos-negros do espaço sideral
Az – Como funciona a terapia através da regressão (ao passado ou ao futuro) hipnótica? É verdade que ela cria condições para o paciente influenciar acontecimentos distantes, a seu favor?
FR – Toda terapia tem dois tipos de efeito: o direto e o indireto. Por exemplo, se o sujeito tem medo. Por sugestão hipnótica ou psicoterapêutica, posso suprimir esse medo. Isso é um efeito de campo direto. Sem medo, ele está mais seguro, consegue ser mais insinuante em sua participação social. Mas também existe o efeito indireto. Enquanto a pessoa esta melhorando, ela começa a receber sinais positivos de áreas onde aparentemente não tem poder. Ela pode receber uma herança súbita ou conquistar um emprego com poucas vagas. Estou caricaturando. O fato é que diversas circunstancias tendem a se resolver a favor desta pessoa.
Quando o paciente esta melhorando, diversas circunstâncias tendem a se resolver em seu favor.
De alguma maneira, os pensamentos interferem no universo.
AZ – Como explicar isso? Poder extra-sensorial?
FR – A base para explicar isso talvez guarde relação com a física avançada. fundamentalmente, a gente sabe que toda matéria interfere de alguma maneira no Universo. E os pensamentos também, talvez seja preciso destacar uma nova partícula subatômica, o psicótron, capaz de viajar no espaço e no tempo.
AZ – você quer dizer que pensamento positivo ou negativo existe e funciona?
FR – Sim. Existem vários modelos físicos para explicar isso. Costumo trabalhar com uma série de indicações. Ema delas vem da fotografia Kirlian. Nela, a aura de uma pessoa em estado alterado de consciência apresenta uma cor tendendo para o laranja-amarelado ou violeta, que significa a paranormalidade. Isso me faz intuir que a matéria em algum ponto do organismo do sujeito entra em fase com estruturas que vibram nessa frequência, o que possibilita a consciência de um espaço-tempo diferente do nosso.
AZ – Que tipo de estruturas?
FR – Eu apontaria o comportamento interno do elétron, porque caminha num sentido diferenciado do Universo. Este segue no rumo da entropia, ou da desordem. Já o elétron, quanto mais informação ganha, mais se organiza. Esta é a lógica do psiquismo, da mente humana. Isto funciona da seguinte forma: quando você tem um decaimento eletrônico, ou seja, quando um elétron se aproxima de outra estrutura eletrônica e com ela faz troca de fótons, mudando de direção. Trata-se de uma espécie de comunicação. Talvez aí estivesse a linguagem da memória  e da consciência. O Físico francês Jean E. Charon escreve sobre isso. Ele trabalha com números complexos sobre a Teoria da Relatividade e estabelece uma teoria – baseando-se em observações concretas – afirmando que o elétron seria a base do psiquismo.

Memória Quântica
AZ – Quer dizer que a memória e a consciência obedecem ás leis da física quântica?
FR – Certos estudos revelam que a membrana nervosa emite fótons (partículas de luz). E a gente sabe que, dos 10 bilhões de neurônios do nosso cérebro, 10 milhôes podem funcionar no nível quântico. É o seguinte: nas membranas desses neurônios, haveria estruturas chamadas condensados de Bose-Einstein, capazes de funcionar como supercondutores. Elas teriam certos dipólos (sistema com duas cargas elétricas iguais mas com sentidos diferentes: uma positiva outra negativa). Quando esses dipólos entram em estado de fase, ou seja, vibram na mesma frequência, existe grande troca de fótons, isto é, informação, praticamente sem perda de energia. É aí que surge a consciência. A vantagem do sistema Bose-Einstein é que possibilita um fenômeno de supercondução à temperatura do corpo.
AZ – E a viagem no tempo?
FR – No nosso Universo conhecido, podemos nos deslocar em qualquer sentido e direção no espaço mas somente para frente no tempo. Num buraco-negro é o contrário: você pode ir para frente ou para trás no tempo mas somente num sentido e direção no espaço. Por isso, qualquer coisa que entre num buraco-negro não sai, nem a luz. Ora, o elétron é a estrutura que  mais se assemelha a esses misteriosos objetos astronômicos. Tem densidade, temperatura e pulsação própria. Assim, podemos deduzir que para ele o passado e o futuro sejam a mesma coisa em sentidos opostos.
Passado e Futuro
AZ – Desta forma a pessoa tem acesso a fatos passados e futuros como se sua percepção viajasse no tempo?
FR – Isso! Entrando na vibração compatível com o estado de fase dos elétrons mais carregados de informação, ela teria acesso a este tipo de conhecimento. Porém, é preciso entender que juntando todas essas teorias, o futuro se apresenta como uma tendência. Há uma aleatoriedade dentro dele, obedecendo ao princípio de Heisemberg. Nada é obrigatório ou rígido. Aquele fato futuro está lá, mas pode sofrer modificações.
AZ – Mas isso ocorre no nível subatômico da matéria. Como um fenômeno desta ordem pode chegar à nossa percepção?
FR – É preciso deixar claro o seguinte: nós poderemos pegar muitas referências teóricas. Trabalhando com elas, vamos construindo a história. Mas tudo isso é conduzido pelos fatos. E as evidências empíricas existem: você pode fazer regressão para o passado e progressão para o futuro, inclusive prevendo eventos. Por isso, o termo mais adequado é rememoração.
Existem evidências empíricas de que você pode fazer regressão e progressão, inclusive prevendo eventos futuros.
Buracos-de-verme
AZ – Como a física quântica poderia explicar a telepatia e o que você chama de campo indireto?
FR – Quando a pessoa entra em um estado alterado de consciência, suas estruturas se aproximam da frequência, suas estruturas se aproximam da frequência provavelmente mais propícia a entrar em estado de fase com os buracos-de-verme no espaço em que a gente vive. Com isso, temos a possibilidade de nos comunicarmos não só com outros pontos do espaço onde vivemos, mas também com outras dimensões. Isso explicaria um pouco porque o meu pensamento aqui no Rio pode influir na decisão de um indivíduo lá na Bahia, por exemplo.
AZ – Quer dizer que nossa mente poderia estabelecer contato com um buraco-de-verme para realizar telepatia ou fenômenos semelhantes?
FR – Isso é uma hipótese. Também poderia ser simplesmente uma expansão da consciência no espaço dimensional em que a gente vive. Mas hoje a existência dos buracos-de-verme é bem aceita pelos físicos, e na prática os efeitos de campo indiretos existem.
AZ – A mente humana tem esse poder todo?
FR – Tem. Existem diversas evidências concretas a respeito. Parta você ter uma ideia, exames de mineralograma evidenciam que o organismo humano pode, de acordo com seu estado mental, sintetizar metais nobres. Os mineralogramas, exames feitos através dos fios de cabelo da pessoa, revelam quais são as substâncias minerais mais presentes no organismo. Tais exames utilizam a técnica de espectrofotometria, a mesma empregada para examinar a composição dos astros a partir da luz que emitem ou refletem.
             De acordo com o mineralograma de alguns pacientes meus, seu organismo apresenta concentrações de determinados metais que não poderiam estar ali de jeito nenhum. A pessoa apresenta muito ouro, prata ou platina sem ter tido o menor contato com estes elementos. São concentrações injustificáveis mesmo que o indivíduo tivesse absorvido cada partícula ingerida na alimentação. Não dá para adquirir aquilo por vias normais. A única explicação possível é que a pessoa produz os metais no próprio organismo. Podemos até considerar o que os alquimistas diziam em sua época. Mas o importante é que o fato existe. Autores como C. Louis Kervran ou Jean E. Charon advogam que o organismo humano é capaz de realizar a fusão a frio.
Mineralogramas (exames) evidenciam que o homem pode, de acordo com seu estado mental, sintetizar metais nobres no organismo.
A onda-ouro
AZ – Para que o corpo humano produziria estes metais?
FR – Seria mais ou menos o seguinte: a presença de certos metais no corpo humano está associada a determinados estados mentais positivos ou negativos. Quando há muito ouro, por exemplo, eis a depressão. E de acordo com os exames de mineralograma que observei, os pacientes realmente se comportam de acordo com as taxas de metal no seu organismo. Suponho que a onda-ouro, ou o sentimento relativo ao ouro, criaria a partícula-ouro. E assim por diante. Se você entender que a onda e a partícula não são mais do que duas faces da mesma moeda, não há dificuldade em entender isso.
AZ – O que acontece antes: O estado emocional ou o surgimento do metal?
FR – O psíquico sempre vem antes. Tenho a convicção que o psiquismo é a mola mestra das enfermidades. Usando uma terminalogia física, a onda e a partícula estão em concomitância, mas a onda determina o movimento.
AZ – Então, é por isso que estados emocionais negativos provocam doenças físicas?
FR – Não tenho a menor dúvida. Nossa maior dificuldade talvez ainda seja identificar estes estados negativos que precedem a enfermidade, em tempo hábil para prevenir a doença.
AIDS Metaleira
            Fernando Rabelo “desconfia” da AIDS. Ele lembra, com base em evidências recentes, que ainda é cedo para se concluir que a doença mata sempre que há um vírus por trás de todos os casos. Para o psiquiatra, as “campanhas de conscientização” e a ênfase na imprensa estão criando uma onda hipnótica a favor da doença.
AZ – O estado emocional da pessoa explica porque alguns soropositivos manifestam a AIDS mais rapidamente que outros?
FR – Essa questão é muito complicada. Alguns soropositivos manifestam a doença mais rápido porque interferem no corpo físico com um metal onde predominam sentimentos negativos. O exame de metais confirma. Se um indivíduo é soropositivo e fica depressivo, aumenta a quantidade de ouro no organismo e diminui a taxa de silício e lítio, um ligado ao sistema imunológico e outro ao humor. Mesmo a medicina convencional trata pacientes de AIDS com doses de lítio. Eu faço isso ainda explico o que estou dizendo a você agora. Isso contribuiria em muito para reverter esse quadro. Entretanto, há um vetor contrário muito forte: a mídia. A televisão diz que a AIDS mata, condicionando o soropositivo a desenvolver a doença e morrer. O fato é que, quando se condiciona uma pessoa a determinados sintomas, ela os desenvolve. Certa vez um cientista pesquisou isso em uma pequena cidade norte-americana. Ele anunciou à população que um grande lote de um determinado produto muito popular havia sido contaminado e quem tivesse bebido apresentaria manchas vermelhas no rosto. Era mentira. Mas 80 por cento dos habitantes desenvolveram eritemas vermelhos na pele. Portanto, se eu chegar na televisão e falar que a AIDS mata, de certa forma estou fazendo uma sugestão hipnótica. A TV é um indutor hipnótico.
AZ – E não é verdade que a AIDS mata?
FR – Esse vírus é muito questionado. Há indícios que ele já existiria no século passado, a partir da história de pessoas que apresentavam os mesmos sintomas de imunodeficiência. Há quem procure esse vírus em múmias no Egito. É preciso repensar o poder que estamos atribuindo ao HIV. Todo paciente que morreu de AIDS tinha muitos outros micróbios também fatais. É uma porção de cofatores.  Os aidéticos homossexuais ou bissexuais que morreram mantinham a média de 7 a 10 cópulas anais por dia e as fezes são o material mais contaminado da natureza. Será que a sujeira que entra na veia do drogado não deprimiria as defesas do organismo? E o plasma que um hemofílico recebe, formado por um pool com centenas ou milhares de doadores: será que tanta proteína diferente não sobrecarregaria o sistema imunológico? O patologista Carlos Loja teoriza que  o esperma teria uma substância imunodepressora. Isso tudo deveria estar sendo mais considerado.

AZ – Ainda existe muita resistência no meio médico ortodoxo diante das técnicas que você vem adotando?
FR – Sim. Do contrário, já teríamos praticamente todos os hospitais trabalhando com técnicas não-convencionais, boa parte delas inclusive já oficializadas, como a homeopatia, hipnose, fitoterapia ou acupuntura. Ainda assim, encontramos profissionais que afirmam, com um discurso brilhante, que a homeopatia tem identidade com a bruxaria ou misticismo. Quanto a mim, acho que esses são todos fenômenos naturais. A mente científica autêntica aceita todas as possibilidades. A posição de quem nega as evidencias em favor das técnicas alternativas pode ser enquadrada como psicótica. Ciência que rejeita a eficácia comprovada da homeopatia, por exemplo, está sofrendo de uma alucinação negativa. Olha para os fatos e não os vê.
A ciência que rejeita a eficácia comprovada da homeopatia, por exemplo, está sofrendo de uma alucinação negativa. Olha para os fatos e não os vê.
AZ – Bom, não existe mais aquele radicalismo contra.
FR – Agora as pessoas vão ter de começar a olhar de frente. O físico e iôga japonês Hiroshi Motayama pesquisou durante 15 anos, usando aparelhagem sofisticada para eletroencefalogramas, todo tipo de osciloscópios e máquinas de sensibilidade fantástica. Ele analisou as possibilidades de associação entre as medicinas chinesas e indiana. Ele sabe que, ao redor de nós, existe uma estrutura exatamente igual à que vem sendo descrita por  quem tem a capacidade paranormal para percebê-la. Para nós, é muito fácil entender o chacra magnético da Terra. Mas não conseguimos aceitar a existência de um campo energético humano.
Na rede pública
AZ – Qual é a possibilidade de regressão hipnótica ser introduzida como técnica terapêutica na rede pública?
FR – Não sei quanto à regressão. Mas já seria bom se conseguíssemos introduzir a hipnose na emergência e no atendimento ambulatorial. No setor de emergência do Hospital Miguel Couto, já existem alguns médicos e acadêmicos utilizando-a. Embora seja uma perspectiva humilde, é real. Acho que a longo prazo podemos passar a adotar a regressão. 
AZ – Por que há tanto preconceito em relação à hipnose?
FR – Ela guarda um vínculo histórico com algo que foge à lógica do Ocidente. Ela aponta para certas verdades que vão contra os poderes econômico, político e religioso. Em função destes interesses, a hipnose teve uma trajetória cíclica, com momentos de glória e ostracismo.
É fácil entender o chacra magnético da Terra. Mas não conseguimos aceitar a existência de um campo energético humano.
AZ – e por que ela seria importante no processo psicoterapêutico?
FR – Num congresso em Bucareste, em setembro de 1918, após constatar a incidência maciça de neuroses na população do pós-guerra, o próprio Freud reconheceu que a hipótese era importante para um trabalho de massa, por ter resultados mais rápidos. E justificava, de uma maneira ontológica, que deveríamos misturar o ouro ao cobre, sendo um a psicanálise e o outro a hipnose. E já naquela época se sabia – com os trabalhos de Pavlov – que mesmo a relação dual entre paciente e psicanalista este em plano hipnótico.  Naquele período, Ernest Simmel fazia um trabalho de resgatar as neuroses de guerra valendo-se da hipnose.
Incorporando “espíritos”
Az – É verdade que alguns pacientes de rememoração incorporam espíritos desencarnados?
FR – Chamo-os de egos acessórios. Pela minha experiência, posso dizer que isso ocorre quando o campo energético da pessoa esta fragilizado. Pode ter diversas causas. Talvez uma alimentação inadequada, uma falta ou excesso de elementos – como é o caso em nosso meio social. Pode ser um ar ruim, como se respira nas metrópoles. Ou principalmente, carências de relações afetivas com o ambiente ou outras pessoas. Essa fragilidade permite que determinadas formas energéticas tomem conta do material áurico. Pode ser uma incorporação ou uma *parafrenia. A verdade é que está lá e eu tenho que estabelecer um vínculo com ele. Se for outro ego do paciente, devo tratá-lo. Se for um “espírito”, estarei tratando de outra pessoa de qualquer maneira. Por uma razão ou por outra, não estou muito preocupado com a teoria. Se o cliente sair curado daquela complicação específica, tudo bem. 
(*Parafrenia é um “estado mórbido” como a demência precoce)